Hoje tive uma aula particularmente estranha. Hoje falámos dos métodos que os cientistas usam para descobrir e criar ciência. Eu, todo contente achava que a ciência era uma coisa que era comprovada pela experiência, mas parece-me agora que era uma ideia um pouco redutora.
Em Filosofia, fazemos muitas coisas. Bem, no fundo, só fazemos uma, refletir, refletir e refletir sobre a reflexão. Então foi exatamente isso que fizemos, com a ajuda do nosso amigo K. Popper e D. Hume viemos a descobrir que realmente existem duas grandes abordagens para a investigação científica, o método do indutivismo e o outro, que tem um nome que é normal não conseguirem pronunciar à primeira vez, o método do falsificacionismo. O método do indutivismo consiste em fazer teorias tendo os factos em mente e depois confirmá-la através da experiência e aplicar essa confirmação a todos os casos e o falsificacionismo consiste em dar um palpite e ver se ele realmente é verdadeiro ou não. Não parece muito difícil de compreender, até são coisas simples, dizes tu. Mas não, isto é uma coisa muito filosófica. E sendo isso mesmo, temos de refletir e viemos a descobrir que nenhum dos métodos é bom. Resultado, muita conversa e nada de bom que se tira disto. Em todos os assuntos que estudamos em Filosofia acontece o mesmo, muita conversa e depois nunca se conclui nada plausível porque tudo é relativo. Isto é o que mais me irrita na Filosofia. Temos que pensar e pensar e nada de bom sai disso sem ser o próprio exercício de pensar. Pensámos sobre os métodos da ciência, a ciência é melhor por causa disso? Descobrimos a cura para o cancro por causa disso? Eu acho que não. O que mais me irrita mesmo é sair de todas as aulas com um sentimento de insegurança terrível. Sinto que as minhas bases foram todas abaladas e que não posso confiar em nada. Mas o mais fantástico disto tudo, é que depois de toda esta conversa, depois de tanta reflexão, chego a casa, esqueço-me do que falámos e continuo a confiar porque as coisas funcionam, sem ter de fazer uma reflexão demasiadamente profunda sobre as coisas. Também posso agora fazer um exercício filosófico e também para acabar sem concluir, à moda filosófica. Será que eu penso assim porque acho que é o mais correto ou porque simplesmente sempre fui ensinado de maneira a não pensar nisso e a tomar tudo por certo? Eis a questão... (que raiva!)