sexta-feira, 29 de abril de 2011

Filosofia

Hoje tive uma aula particularmente estranha. Hoje falámos dos métodos que os cientistas usam para descobrir e criar ciência. Eu, todo contente achava que a ciência era uma coisa que era comprovada pela experiência, mas parece-me agora que era uma ideia um pouco redutora.
Em Filosofia, fazemos muitas coisas. Bem, no fundo, só fazemos uma, refletir, refletir e refletir sobre a reflexão. Então foi exatamente isso que fizemos, com a ajuda do nosso amigo K. Popper e D. Hume viemos a descobrir que realmente existem duas grandes abordagens para a investigação científica, o método do indutivismo e o outro, que tem um nome que é normal não conseguirem pronunciar à primeira vez, o método do falsificacionismo. O método do indutivismo consiste em fazer teorias tendo os factos em mente e depois confirmá-la através da experiência e aplicar essa confirmação a todos os casos e o falsificacionismo consiste em dar um palpite e ver se ele realmente é verdadeiro ou não. Não parece muito difícil de compreender, até são coisas simples, dizes tu. Mas não, isto é uma coisa muito filosófica. E sendo isso mesmo, temos de refletir e viemos a descobrir que nenhum dos métodos é bom. Resultado, muita conversa e nada de bom que se tira disto. Em todos os assuntos que estudamos em Filosofia acontece o mesmo, muita conversa e depois nunca se conclui nada plausível porque tudo é relativo. Isto é o que mais me irrita na Filosofia. Temos que pensar e pensar e nada de bom sai disso sem ser o próprio exercício de pensar. Pensámos sobre os métodos da ciência, a ciência é melhor por causa disso? Descobrimos a cura para o cancro por causa disso? Eu acho que não. O que mais me irrita mesmo é sair de todas as aulas com um sentimento de insegurança terrível. Sinto que as minhas bases foram todas abaladas e que não posso confiar em nada. Mas o mais fantástico disto tudo, é que depois de toda esta conversa, depois de tanta reflexão, chego a casa, esqueço-me do que falámos e continuo a confiar porque as coisas funcionam, sem ter de fazer uma reflexão demasiadamente profunda sobre as coisas. Também posso agora fazer um exercício filosófico e também para acabar sem concluir, à moda filosófica. Será que eu penso assim porque acho que é o mais correto ou porque simplesmente sempre fui ensinado de maneira a não pensar nisso e a tomar tudo por certo? Eis a questão... (que raiva!)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Que Confusão


Bem, cá estamos. Estamos, isso é certo. Para onde vamos? É difícil saber. Fácil é dizer de onde viemos, mas isso agora pouco interessa pois parece que o sítio de onde viemos não é assim tão bom como achávamos.
Para onde vamos, é a pergunta que se impõe. Mas só fazer esta pergunta pressupõe que vamos juntos e só isso já é muito bom. O futuro parece-nos incerto, está escuro, está frio, queremos parar de andar mas o tempo não deixa. Não podemos fazer muito, mas estamos juntos. O FMI está cá, a ajudar-nos ou talvez não. Os partidos estão virados do avesso, nem eles sabem o que fazer, está tudo à espera das eleições. Estamos sem uma cabeça, não temos líder, não temos nada a que aspirar, vivemos como se hoje fosse o último dia mas esperamos que não seja. Eu sinto-me triste. Sinto-me mal. Não vejo nada, tudo está escuro e frio.
A única coisa que nos faz continuar é olhar para o lado e ver outros como nós, com frio, sem ver, confusos, sem saber a que a estrada os levará. Estamos juntos. Estamos todos cá. Precisamos de dar as mãos, erguer o queixo e correr. Correr pela estrada a fora. Mas juntos. Todos juntos vamos conseguir. Todos juntos.

domingo, 17 de abril de 2011

TED - Apatia

A multidão

Engraçado, é a palavra que caracteriza a confusão que vejo. Somos todos diferentes e inserimo-nos em grupos para nos sentirmos confortáveis e estáveis. No entanto, esquecemo-nos que, na verdade, somos inevitavelmente diferentes. Conhecer cada engraçado á minha volta é um jogo fantástico. Vejo névoas e estrelinhas a tripitar em torno das nucas à minha volta. A confusão é maravilhosa, a multidão e os seus componentes, transportam-me para uma guerra repleta de explosões de cores e porporinas. Adoro ver os outros a comunicar, a jogar ao gato e ao rato e... que ganhe o mais forte! Engraçado o comportamento dos sexos opostos, engraçadas as respostas gestuais às interrogações.
Há uma comunhão de grandes e pequenas almas na multidão. Há imbecis que são tão pequenos, quase insignificantes, mas que pretendem ser majestosos, imponentes e importantes. Há outros que, pelo contrário, expiram humildade. Tanta que, passa por ingenuidade, chegando por vezes à mais pura tristeza pessoal. Vejo que na multidão as névoas são mais que muitas e que infelizmente superam em grande escala o aroma da humildade e do respeito. Há também os grandes linces, os perdadores, aqueles que já não escondem os seus actos aos olhos dos perspicazes. As multidões são mesmo assim, são jogos de palavras, aromas, neblinas e porporinas. Quem tem o prazer de ver e escutar a multidão, tem o previlégio de se conhecer a si próprio. Ou, por outro lado é tão bom espectador que entende mais o mundo que a si mesmo. Conhecer a multidão é em simultãneo excitante e tenebroso.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Liberdade

No outro dia, estava um miúdo do 7º/8º ano a passar ao pé do bloco do Concelho Executivo, com uma t-shirt que dizia "Hitler European Tour", tinha os nomes das cidades conquistadas no decorrer da guerra com o ano da sua conquista. Um professor viu aquela t-shirt e calculo que tenha ficado muito chateado porque obrigou o pobre miúdo, completamente assustado a ir ao Concelho falar com a Diretora da escola. Vejam lá que ao princípio, o miúdo até achava que o professor estava a brincar, até que o professor disse "Vais lá acima [ao concelho executivo] ou vou ter que te obrigar a ir?".

Isto pôs-me a pensar, será que ele tem o direito de andar com aquela camisola? Será que eu posso aproveitar o sofrimento das outras pessoas para fazer uma t-shirt? Haverá algum limite para a liberdade? Esta última pergunta até parece absurda porque liberdade condicionada não é realmente liberdade. Eu acho que na nossa sociedade, a liberdade que nós temos é a liberdade de fazer as nossas próprias escolhas, sem ser pressionados a aceitar uma determinada escolha porque alguém diz que sim. O problema disto tudo é que se a definição fosse assim tão simples, eu poderia matar outra pessoa, porque foi essa a escolha que eu fiz e tenho liberdade para o fazer. Claro que isto é absurdo, tanto para mim, como secalhar para ti, porque todos nós vemos a liberdade como a coisa que nos deixa fazer aquilo que nós dá na gana e esquecemo-nos que com esta liberdade vem uma responsabilidade enorme de reconhecer as nossas escolhas e pagar por elas. Se formos buscar o exemplo que já dei, se eu matar uma pessoa, tudo bem, posso fazê-lo, mas depois vou ter que o assumir e lidar com as suas consequências.

Agora no caso da t-shirt é um pouco mais complicado, afinal o rapaz podia estar a fazer uma declaração política a favor do Hitler, o que provavelmente não deve ser o caso. O que eu acho que aconteceu foi que o rapaz achou engraçada a t-shirt, pensou que tinha a liberdade de a vestir sem pensar nas consequências de a vestir a na dor que a mensagem da t-shirt causou. Não pensou na responsabilidade. A razão pela qual o rapaz ficou tão incrédulo quando o professor o chamou foi provavelmente porque o rapaz sem sequer tinha noção do que tinha vestido e da mensagem que estava a passar.

Cabe-nos a nós fazer as escolhas, mas também cabe-nos a nós lidar com as suas consequências.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A minha opinião sobre "os Maias"

Como disse o poeta Konstantinos Kavafis (1863-1933), não se pode esperar mais de Ítaca do que, as esplêndidas aventuras vividas na viagem até à mesma. Assim se sucede na leitura de Os Maias. Chega-se ao final do romance e conclui-se que esta história podia ser adaptada a qualquer novela mexicana. Acompanhando a vida da personagem principal, Carlos da Maia, começando pelo tetravô (penso eu) e acabando no próprio Carlos, a família Maia viveu uma autêntica viagem.
No entanto, Eça de Queirós transfere para a mais banal história de amor impossível entre dois irmãos, o espelho da sociedade lisboeta da época e acreditei…da actualidade. São caracterizadas nas personagens da narrativa, os maiores “podres” desta sociedade. Os estrangeirismos, a procura do “chique”, as “francesices”, o diletantismo, a perseverança e a cobardia mostram a mediocridade e a vertente “popularucha” do povo português. O que sejamos sinceros, e apesar de todas as nossas qualidades…perdura.
Bem, tanta conversa e ainda não dei a minha opinião…Então, após a leitura da obra, e tendo em conta a maravilhosa descrição dos cenários que Eça tem o dom de conseguir transmitir para o papel (consegui imaginá-los de uma forma tão intensa que me parecia já sentir os cheiros). Nomeadamente, as descrições das fantásticas paisagens de Sintra até às barulhentas ruas da baixa lisboeta. E após seis longos meses de leitura, por ter sido obrigada a lê-la (o que nunca torna as coisas mais fáceis), gostei da história, da envolvente e da moral sobre a vida deixada no final. Quanto a esta moral, não vos direi nada sobre…deixo-vos sim, o desafio para a leitura de…Os Maias!

sábado, 2 de abril de 2011

Bem-vindo

"Eu conheço um país que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil).
Que em oito anos construiu o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças leucémicas. Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins.
Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.
Eu conheço um país que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra que é uma das maiores empresas ibéricas na informatização de farmácias (Glint) e outra que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa (Bial).
Eu conheço um país que é líder mundial no sector da energia renovável e o quarto maior produtor de energia eólica do mundo, que também está a constuir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu (EDP).
Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemóveis (PT), que é líder mundial em software de identificação (NDrive), que tem uma empresa que corrige e detecta as falhas do sistema informático da Nasa (Critical)e que tem a melhor incubadora de empresas do mundo (Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra)
Eu conheço um país que calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano. E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades anti-germes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.
Eu conheço um país que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de transformadores de energia (Efacec) e que revolucionou o conceito do papel higiénico(Renova).
Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial e que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das auto-estradas (Via Verde).
Eu conheço um país que revolucionou o sector da distribuição, que ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e que lidera destacadíssimo o sector do «hard-discount» na Polónia (Jerónimo Martins).
Eu conheço um país que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim, que vestiu dez das selecções hípicas que estiveram nesses Jogos, que é o maior produtor mundial de caiaques para desporto, que tem uma das melhores seleções de futebol do mundo, o melhor treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).
Eu conheço um país que tem um Prémio Nobel da Literatura (José Saramago), uma das mais notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro).
O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país é Portugal. Tem tudo o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, ótima gastronomia. Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL." 

Nicolau Santos, in "Up"(revista da TAP)

Partilhem e Divulguem: Vamos levantar a moral a Portugal!