No outro dia, estava um miúdo do 7º/8º ano a passar ao pé do bloco do Concelho Executivo, com uma t-shirt que dizia "Hitler European Tour", tinha os nomes das cidades conquistadas no decorrer da guerra com o ano da sua conquista. Um professor viu aquela t-shirt e calculo que tenha ficado muito chateado porque obrigou o pobre miúdo, completamente assustado a ir ao Concelho falar com a Diretora da escola. Vejam lá que ao princípio, o miúdo até achava que o professor estava a brincar, até que o professor disse "Vais lá acima [ao concelho executivo] ou vou ter que te obrigar a ir?".
Isto pôs-me a pensar, será que ele tem o direito de andar com aquela camisola? Será que eu posso aproveitar o sofrimento das outras pessoas para fazer uma t-shirt? Haverá algum limite para a liberdade? Esta última pergunta até parece absurda porque liberdade condicionada não é realmente liberdade. Eu acho que na nossa sociedade, a liberdade que nós temos é a liberdade de fazer as nossas próprias escolhas, sem ser pressionados a aceitar uma determinada escolha porque alguém diz que sim. O problema disto tudo é que se a definição fosse assim tão simples, eu poderia matar outra pessoa, porque foi essa a escolha que eu fiz e tenho liberdade para o fazer. Claro que isto é absurdo, tanto para mim, como secalhar para ti, porque todos nós vemos a liberdade como a coisa que nos deixa fazer aquilo que nós dá na gana e esquecemo-nos que com esta liberdade vem uma responsabilidade enorme de reconhecer as nossas escolhas e pagar por elas. Se formos buscar o exemplo que já dei, se eu matar uma pessoa, tudo bem, posso fazê-lo, mas depois vou ter que o assumir e lidar com as suas consequências.
Agora no caso da t-shirt é um pouco mais complicado, afinal o rapaz podia estar a fazer uma declaração política a favor do Hitler, o que provavelmente não deve ser o caso. O que eu acho que aconteceu foi que o rapaz achou engraçada a t-shirt, pensou que tinha a liberdade de a vestir sem pensar nas consequências de a vestir a na dor que a mensagem da t-shirt causou. Não pensou na responsabilidade. A razão pela qual o rapaz ficou tão incrédulo quando o professor o chamou foi provavelmente porque o rapaz sem sequer tinha noção do que tinha vestido e da mensagem que estava a passar.
Cabe-nos a nós fazer as escolhas, mas também cabe-nos a nós lidar com as suas consequências.
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